Quantas vezes já ouvimos que Portugal precisa de se promover melhor lá fora? Que temos bons produtos, boas ideias, bons talentos, mas não comunicamos da forma mais adequada? Pois bem — é verdade. Mas o problema não é só esse. O problema é que continuamos a falar mais do que a fazer.
Claro que promover o país é importante. Uma boa estratégia de comunicação pode trazer mais turistas, abrir portas às exportações e atrair investimento estrangeiro. Mas pensar que basta uma campanha com algum impacto ou um logotipo bem desenhado para mudar a perceção de Portugal é, no mínimo, ingénuo.
Portugal não precisa apenas de uma Marca-País com bom design e frases inspiradoras. Precisa de uma visão de longo prazo. De consistência. E, acima de tudo, de resultados reais que sustentem essa imagem. Porque se o que mostramos lá fora não bate certo com o que entregamos cá dentro, a credibilidade vai por água abaixo.
A verdade é que um país só melhora a sua imagem quando melhora, de facto, a sua realidade: menos burocracia, políticas mais estáveis, impostos menos sufocantes para quem quer empreender ou investir. Quando se criam condições para que o talento fique — e volte. E isso não se resolve com marketing, resolve-se com ação.
Além disso, Portugal precisa de algo que ainda está pouco enraizado: construir marcas fortes. Marcas de empresas, de produtos, de projetos que tenham impacto lá fora. Porque um país com marcas reconhecidas é um país que se impõe. Que mostra que sabe fazer bem, inovar, competir.
E sejamos honestos: temos talento, criatividade e qualidade. O que falta é escala e foco. As nossas marcas precisam de apoio para crescer, comunicar melhor e chegar a outros mercados. E precisamos de parar com a moda de criar marcas locais e regionais só para dar visibilidade política ou alimentar bairrismos. Isso só gera ruído e dispersa recursos.
O que faz falta é apostar num Portugal-de-Marcas. Um ecossistema onde as marcas nascem com ambição global, onde há uma rede que as sustenta, onde os empreendedores sabem que podem contar com condições para crescer. Um país em que a reputação não vem só da bandeira, mas das marcas que a carregam pelo mundo.
É um caminho fácil? Não. É rápido? Também não. Mas é o único que vale a pena. Porque nos obriga a subir a fasquia. A fazer melhor. A ser melhores. A mostrar que Portugal não é só um país simpático e com bom clima, mas um país onde se fazem coisas com valor, com impacto, com futuro.
Se queremos que Portugal tenha mais peso no mundo, temos de parar de pensar pequeno. E isso começa por mudar a forma como nos vemos — e como escolhemos mostrar-nos.