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Opinião
2020: POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS
Se 2020 foi o ano de todas as incertezas, 2021 promete ser o ano de todos os perigos, mas também o ano em que Portugal, para sobreviver e avançar, terá que mostrar a sua Marca ao mundo (...)
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Se 2020 foi o ano de todas as incertezas, 2021 promete ser o ano de todos os perigos, mas também o ano em que Portugal, para sobreviver e avançar, terá que mostrar a sua Marca ao mundo, deixar para trás atavismos e indecisões e juntar músculo, coração e cérebro que à conhecida alma lusitana.

Escrevia Camões n’Os Lusíadas que os Portugueses de Quinhentos avançavam, aventurosos, “por mares nunca dantes navegados”. E não era uma jornada fácil, nem isenta de riscos, envolvidos que estavam “em perigos e guerras esforçados”, ultrapassando limites que, há época, pareciam inultrapassáveis, necessitando “mais do que prometia a força humana”.

Se no século XV existisse uma comunicação social activa ou redes sociais borbulhantes, escreveriam Camões e os seus contemporâneos que os navegadores portugueses, com barcos pouco seguros e instrumentos de navegação incipientes, seriam os heróis que estavam na primeira linha da grande aventura das Descobertas, que “novos mundos ao mundo irão mostrando”.

Carregando no botão da máquina do tempo e avançando mais de cinco séculos para o início de 2020, apesar de conscientes dos perigos para ordem, economia e mobilidade internacionais, do vírus que parecia confinado a Wuhan, poucos eram os que teriam verdadeira consciência do que estava para vir.

E desde o início da crise foi, apesar de tudo, relativamente simples perceber que o seu impacto teria uma relação directa com a sua duração: mais curta, logo mais ténue; mais longa, então mais forte.

Estamos, há praticamente nove meses, mergulhados neste limbo e, mesmo com as expectativas que se depositam nos efeitos das novas vacinas, iremos ter, no mínimo, mais um semestre de vida vivida a metade, de mobilidade reduzida, de confinamento mais ou menos alargado.

Uma das múltiplas áreas em que a pandemia impacta é a do consumo. A forma como vivemos por estes dias interfere com múltiplas dimensões: o que compramos, onde compramos, de que forma compramos, quando tempo destinamos ao acto de compra. Mas também o que consumimos, onde consumimos, que cuidados temos em relação ao que consumimos.

Novas rotinas foram penetrando no nosso dia-a-dia e fenómenos como a compra electrónica, o trabalho à distância ou a utilização multiplicada das plataformas de delivery, que num primeiro momento pareciam não mais do que as respostas típicas a uma situação atípica, são hoje realidades que, mesmo regressando a uma normalidade próxima do pré-covid, não se afastarão das nossas vidas.

Essas novas rotinas, a que se juntará a diminuição drástica da frequência com que se ‘come fora’, a forma muito mais programática como se visita um supermercado ou uma qualquer loja, a redução brusca da nossa vida no exterior ou, por exemplo, a quase total desaparição do turismo de massas que, nos últimos anos, era uma dos principais motores da nossa economia, vão obrigar a um enorme, custoso e arriscado exercício de reinvenção do nosso tecido comercial e canal horeca. E que apresentará uma factura muito pesada a todas as empresas que o abastecem.

A própria crise económica que a pandemia está a gerar - e que os próximos meses agravará – irá impactar o rendimento disponível e o poder de compra das famílias portuguesas e, como não há milagres, o mercado do grande consumo, antecipamos, irá passar um mau bocado.

No entanto, a preocupação sanitária mais ou menos exacerbada de muitos de nós, se visa preservar a nossa saúde, está a criar muitos problemas em relação aos nossos equilíbrios: pessoais, sociais e profissionais. Somos por natureza um povo de afectos, do beijo e do abraço, da socialização e da confraternização. Por isso, também não espantará que no momento que seja recuperada alguma liberdade de movimentos, essa forma de ser e de estar venha, explosivamente, ao de cima, fazendo lembrar de alguma forma os dourados anos 20. Que impacto isso possa ter no mercado, no canal Horeca e no consumo é, contudo, algo difícil de prever.

Durante 2020, muitos foram os momentos em que as Marcas e a Centromarca mostraram a sua importância no conforto e tranquilidade dos portugueses. Mostraram que são Marcas que sabem adaptar à fluidez das incertezas. Marcas que abdicaram de vantagens para dar a resposta que os consumidores e a sociedade exigiam. Marcas que foram um símbolo de interacção responsável e humilde com os nossos concidadãos, num período em que a desinformação e a informação apressada e atabalhoada se multiplicaram.

Mas esta é também a altura em que os melhores e mais bem preparados se mostrarão mais equipados para enfrentar este mar revolto em que navegamos. A sorte protege os audazes, mas, não tenho dúvidas, ter sorte dá muito trabalho.

E é nesse trabalho que, nesta altura, as nossas empresas estão mergulhadas. Elas e as entidades que foram criadas para as apoiar. A moldar as suas estruturas, a antecipar tendências e preparar cenários de evolução e, sem perder a sua genética e valores, a construir soluções que vão de encontro das necessidades dos nossos consumidores, dando um contributo real e substancial para melhorar a vida das famílias portuguesas.

Do lado da Centromarca, há uma garantia que podemos deixar: seremos um farol de informação, de comunicação e de sensibilização para um mercado que não queremos deixar quebrar e com o leme apontado à melhor satisfação do consumidor. E 2021 será, sem dúvida, um ano crítico, mas em que tudo faremos para chegar a bom porto.

Originalmente publicado no site do ECO em 2020.12,14