A venda de publicidade digital em qualquer lugar onde esteja o consumidor não é exatamente uma novidade. Quando entro no site de um retalhista consigo ver centenas de marcas a anunciar os seus produtos. Packs de verão, mochilas de viagem, sobremesas apetecíveis. Se me inscrever, posso ainda receber a newsletter onde também aí encontro muito conteúdo publicitário pago. Se me dirigir à loja, vejo vários pontos de venda financiados pelas marcas, folhetos impressos com referência aos produtos de marca e ainda posso aceder à aplicação e ver diverso conteúdo pago.
Quando um retalhista anuncia ter uma nova marca de “retail media”, qual é o add on em cima do anteriormente referido ou quais as possibilidades que se multiplicam para os retalhistas, para as marcas anunciantes e para os consumidores?
Talvez num contexto onde existe, cada vez mais, legislação proteccionista sobre os dados e acesso aos dados do cidadão/consumidor, este acesso direto às mais diversas formas de contato com o consumidor – por ele autorizadas – e contatos detidos por esse retalhista, de forma geral ou segmentada, seja o ponto de partida principal.
Um segundo ponto, também ele muito relevante será o poder de criar uma qualquer necessidade, a qualquer momento, em múltiplas formas de contacto: mensagem, WhatsApp, email, loja física, loja online, aplicação, eventos, comunicação oral em espaço loja, comunicação televisiva, ou através de outros pontos de interação.
Criar a necessidade e não apenas supri-la.
Um terceiro ponto também ele muito relevante, será, em função da variedade de negócios do retalhista, o leque de oportunidades que se abre. O retalho pode ser uma rede de negócios, uma rede de negócios diversificados: alimentação, eletrónica, saúde, animal, vestuário, puericultura. Uma rede de negócios, significa uma rede de meios de interação, significa múltiplas oportunidades.
Um quarto ponto - vital para as marcas - é a medição e a monitorização do impacto real do investimento na compra convertida versus a não convertida. A experiência e interação com o consumidor, a possibilidade de maior. mais diversa e mais constante visibilidade a marcas e produtos, são também outros pontos a reter.
Existem hoje inúmeras plataformas/empresas que obtêm uma parcela muito importante da sua receita através da venda de espaço dentro do seu espaço, seja ele qual for. Uma nova fonte de receita é um forte argumento para todo e qualquer retalhista.
Segundo publicação da Boston Consulting Group , 68% dos lucros globais da Amazon em 2022 provinham da Amazon Advertising, compensando as perdas do negócio do retalho em geral.
Se fizermos um clique rápido na Amazon ES Portugal vemos inúmeros produtos e marcas portuguesas já destacadas. O que significa oportunidades identificadas e concretizadas.
O destino deste “novo” formato de publicidade está ainda a ser escrito por retalhistas, marcas, consumidores, e o meu desejo é que seja cunhado no futuro como exemplo de uma parceria triple win de sucesso (como escrevia Pedro Pimentel há uns meses.)