30 anos são sempre um número redondo e marcante na vida de qualquer instituição.
30 anos numa organização, tal como com cada um de nós, é um momento que marca a passagem da juventude mais irrequieta para uma crescente maturidade, em que à energia algo caótica, se segue uma progressiva racionalização e maior calculismo.
A Centromarca comemora este ano o seu trigésimo aniversário e sendo ainda uma associação jovem, tem, apesar disso, um percurso já bastante sólido, uma actuação consistente e uma reputação conquistada a pulso por todos os que por aqui passaram.
Trinta anos são, apesar de tudo, uma viagem longa, um percurso de trabalho, nem sempre fácil, nem sempre sem obstáculos, nem sempre integralmente compreendido, mas obstinadamente em defesa das marcas e das empresas que têm a responsabilidade de, diariamente, as colocarem à disposição do público, dos nossos clientes, dos nossos consumidores.
As associações, tal como as pessoas, passam por diferentes estádios. E, quer nas associações, quer nas pessoas, a experiência e maturidade tendem a tornar-nos, provavelmente, um pouco menos impetuosos, mas mais acutilantes. Menos reactivos e mais proactivos. Ao género dos melhores jogadores de futebol, deixam de fazer 40 sprints por jogo e passam a fazer apenas 20, mas que são os sprints que efectivamente geram perigo para a baliza adversária.
Falar de 30 anos de uma casa como a nossa significa, ainda que forma muito breve, falar da sua história.
Há dias, na cerimónia em que comemoramos esta data, espalhamos mupis onde se podiam observar os marcos maiores destas três décadas de actividade.
Três décadas de uma associação, que ainda no final de 1993, foi criada através de escritura pública assinada, em nome do núcleo de 24 empresas fundadoras, por personalidades como os falecidos Alberto da Ponte e Francisco Xavier Amaral e por Róman Castellarnau.
A respectiva Assembleia Geral constitutiva decorreu no início de Junho de 1994 – daí a celebração, este ano, do nosso trigésimo aniversário – e nela foi eleito como Presidente e Director Geral, João Pinto Ferreira, que havia sido até poucos meses antes, máximo responsável da Direcção Geral de Concorrência e Preços, a predecessora da actual Autoridade da Concorrência.
João Pinto Ferreira foi absolutamente fundamental para o desenvolvimento e consolidação da Centromarca e exerceu essas funções até 2007, quando, subitamente, faleceu.
Como é sempre bom lembrar, as associações são, em muito larga medida, a expressão da qualidade das pessoas que as representam. Melhores pessoas resultam, inequivocamente, em melhores associações.
Foram mais de uma centena aqueles que em representação das diferentes empresas associadas assumiram responsabilidades nos órgãos sociais da Centromarca. Alguns em períodos longos, outros em temporadas mais curtas. Não raros foram os que tiveram assento nesses órgãos sociais em representação de mais do que uma empresa. Como não raras foram as empresas que aderiram à Centromarca, porque passaram a ser lideradas por pessoas que tinham uma ligação directa connosco, mostrando bem que aqueles que mais proximamente colaboram com a Centromarca, melhor percebem também a tipologia e a qualidade do trabalho que desenvolvemos diariamente.
Estatutariamente, os presidentes da Centromarca não possuem ligação laboral ou funcional com nenhuma das empresas associadas. E desde a fundação, foram quatro os presidentes desta casa. João Pinto Ferreira, até ao seu falecimento em 2007 e já referido atrás, Duarte Raposo de Magalhães, por um período relativamente curto, João Paulo Girbal, entre 2010 e 2018, cabendo desde esse ano essa responsabilidade a Nuno Fernandes Thomaz.
Mas muito do trabalho que dia-após-dia a Centromarca realiza, é feito por aqueles que têm a responsabilidade de gerir a actuação de uma casa sempre presente, sempre activa, sempre preocupada em apoiar os associados e em sinalizar às autoridades e à opinião pública o que mais impacta este importante sector de actividade.
Depois de um período inicial em que as funções de Direcção Executiva eram assumidas, em simultâneo, pelo Presidente da Associação, nos últimos dezassete anos essa função autonomizou-se e esteve nas mãos de Beatriz Imperatori e, desde 2013, nas do Pedro Pimentel. Mas outras pessoas foram absolutamente vitais para que a Centromarca atingisse o estatuto que foi acumulando nestas três décadas: a Maria Helena, a Nélia, a Vanda, a Dália, a Christine e, claro, as nossas Alexandra Queirós e Vera Mendes, de um profissionalismo e dedicação, mas também de uma simpatia e disponibilidade, a todos os títulos notável.
No associativismo há alguma uma tendência para que todos queiram fazer tudo, gerando, em demasiadas circunstâncias, sobreposições de actuação, dispêndio desnecessário de recursos, choque de protagonismos.
Na Centromarca somos e seremos sempre defensores da velha imagem do ‘a cada macaco o seu galho’ e nós sabemos exactamente qual é o nosso galho e respeitamos escrupulosamente o galho dos outros. Nalguns temas somos apenas uma carruagem, nos nossos temas não deixamos de reclamar para nós próprios o estatuto de locomotiva.
A nossa missão foi estabelecida há vários anos e refere que pretendemos CRIAR, PARA AS MARCAS, UM AMBIENTE DE CONCORRÊNCIA LEAL E INTENSA, QUE ENCORAJE A INOVAÇÃO E QUE GARANTA VALOR MÁXIMO PARA OS CONSUMIDORES. Nesta missão há quatro palavras que ficam muito claras: MARCAS, CONCORRÊNCIA, INOVAÇÃO e CONSUMIDOR. E, todos os dias, temos bem presente que é para isso que existimos, que é para concretizar este objectivo que trabalhamos sempre.
De uma forma mais genérica, se é sobre Marcas e Mercados, sobre Consumo e Consumidores, sobre Inovação e Concorrência, que querem falar, a Centromarca será, esperamos, um interlocutor incontornável.
Somos também uma entidade com um espectro amplo de actividade, mas com uma estrutura operacional bastante ‘enxuta’ - apenas quatro pessoas (e nem todas a tempo completo) - mas que uma muito boa rede de parceiros permite ampliar fortemente. Quase como um cogumelo, com uma ‘cabeça’ grande, mas um corpo bem mais fino. E na verdade, a Centromarca muito deve ao apoio que diariamente recebe a nível jurídico (com a excelente colaboração da SRS), a nível de comunicação e public affairs (com a excelente equipa da Hill+Knowlton) ou com todo a informação de mercado a que permanentemente acedemos (e o trabalho conjunto que realizamos com entidades como a Kantar e a NielsenIQ).
Como é também fundamental ter uma presença activa no movimento associativo a nível nacional e internacional, destacando-se a nossa participação na CIP – Confederação Empresarial de Portugal e, muito especialmente, na European Brands Association (AIM). Nenhuma associação é uma ilha e a integração em redes relevantes é uma porta de duplo sentido, ampliando a mensagem das nossas preocupações e reivindicações e permitindo aceder a informação fundamental para o nosso trabalho diário.
Há uma máxima na Centromarca, que recorda que todas as associações são uma mistura de um sonho e de uma dor-de-dentes.
O nosso sonho passa por conseguir fazer perceber a todos os stakeholders a importância das marcas, como elas acrescentam e dão valor aos produtos, como elas correspondem ao activo mais importante das empresas que as possuem, como elas representam aspiração e inspiração.
Mas temos também a nossa dor-de-dentes que passa por conseguir ser uma máquina de terraplanagem que torne mais nivelado um terreno ainda bastante inclinado. Por conseguir que as relações económicas sejam verdadeiramente win-win para todos os elos da cadeia, da agricultura ou das pescas, até ao consumidor, que somos todos nós.
Por isso, perdoem-nos a ironia, mas lá terão de levar connosco durante, pelo menos, outros trinta anos ou até que todos estes problemas estejam resolvidos… o que ocorrer primeiro.
Mas conhecendo o país e o mercado, diríamos que a primeira hipótese é mais provável.