Sempre que o relógio se aproxima do 00:00 que marca o início de um novo ano, não há como fugir do olhar sobre como o nosso mundo – pessoal, profissional, nacional, global - girou nos últimos doze meses e como, para lá dos nossos desejos mais íntimos, antecipamos o que os próximos doze nos trarão.
As projeções para a economia portuguesa em 2025 apontam para uma continuidade do crescimento contínuo, embora de forma moderado, com desafios relacionados com a gestão orçamental e a conjuntura económica externa, existindo variações nas estimativas conforme as instituições que as projectam. Assim, o Banco de Portugal prevê um aumento de 2,2% no PIB em 2025 e o Governo fixa-o em 2%, enquanto a Allianz Trade se fica pelos 1,5%, ainda assim superando a média da Zona Euro, projetada em 1,4%.
A Comissão Europeia e o Conselho das Finanças Públicas, são relativamente optimistas em matéria de saldo orçamental, prevendo um excedente de 0,4% do PIB, mas o Banco de Portugal, depois de projecções de 0,8%, indica que devido ao aumento da despesa pública, 2025 poderá fechar com um déficit de 0,1%.
Em matéria de inflação, o Banco de Portugal projeta uma taxa de 2,1% em 2025, próxima da previsão do Governo e do Banco Central Europeu.
Por outro lado, espera-se que a economia portuguesa beneficie de melhores condições financeiras, aumento da procura externa e maior entrada de fundos da União Europeia, impulsionando o crescimento económico, mas também o investimento público e privado.
Dando continuidade ao discurso crítico que vem mantendo nos últimos meses, o Banco de Portugal alerta ainda para riscos significativos, incluindo a desaceleração económica na área do euro e a sustentabilidade do aumento da despesa pública, que cresceu 10,8% em 2024.
Focando-nos mais no mercado nacional de grande consumo, aquele cenário de crescimento consistente, mas moderado, poderá impulsionar o consumo privado e, dessa forma, beneficiar o chamado mercado FMCG em Portugal. Estão já pré-anunciados, aumentos nos preços de alguns bens essenciais, devido ao incremento dos custos de produção e, muito especialmente, de certas matérias-primas de referência, mas apesar do impacto no poder de compra das famílias, uma inflação muito mais controlada e a recuperação dos salários reais permite ter uma expectativa razoavelmente optimista. Em ângulo inverso, a evolução de tensões comerciais internacionais e o impacto de políticas económicas poderão afetar o comércio global, com possíveis repercussões - menos positivas - no mercado português.
Prevê-se que o mercado publicitário português possa crescer, no próximo ano, em torno dos 6%, com destaque para o aumento do investimento em meios digitais e é muito provável que se sinta um crescimento significativo das compras realizadas através de plataformas de redes sociais, muito embora com impacto menos significativo nas famílias de produtos da área alimentar, do que as que, tendencialmente, ocorrerão, nas bebidas, higiene ou H&B.
Apesar de tudo, o mercado de grande consumo em Portugal para 2025 apresenta perspetivas de crescimento moderado, influenciado por factores como a recuperação económica, recuperação do rendimento disponível das famílias, aumentos não excessivos de preços em bens e serviços essenciais e a crescente digitalização do consumo.
De uma forma mais transversal, as expectativas para 2025 variam dependendo do contexto, mas há matérias que são razoavelmente consensuais, a começar pelas relacionadas com a tecnologia e a inovação, sendo expectável que a Inteligência Artificial se vá progressivamente integrando no nosso quotidiano, em sectores como a saúde, a educação, o transporte e os negócios, mas também nas nossas compras e nas nossas opções de consumo.
Por outro lado, com a expansão do 5G, as possibilidades de transformação digital (internet das coisas, cidades e casas inteligentes) irão certamente acelerar, o que acontecerá também com a electrificação e com a utilização de energias mais limpas, esperando-se novas inovações ao nível de baterias, energia solar e eólica, com avanços significativos na sustentabilidade energética.
2025 será também um ano importante para a concretização dos compromissos do Acordo de Paris e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, esperando-se avanços impactantes em tecnologias que reduzam emissões de carbono e promovam uma economia circular, acompanhando a consciencialização e o comprometimento crescente de governos, empresas e consumidores em matéria de práticas ambientalmente responsáveis.
E se, para lá de Portugal, há uma expectativa de alguma recuperação e estabilidade após os desafios econômicos dos últimos anos, há também todo um contexto geopolítico que coloca inúmeros pontos de interrogação no nosso dia-a-dia. Também por isso, a preparação das pessoas será ainda mais relevante, sendo que competências profissionais em áreas como tecnologia, marketing digital, análise de dados e sustentabilidade, serão ainda mais procuradas, enquanto a formação e a reconversão de muitos outros, obrigará a um maior foco no empreendedorismo, impulsionado por tendências como as da economia criativa e da inovação social.
A factura da pressão económica, dos conflitos, da pandemia e da crise social que se sente um pouco por todo lado, destapa a necessidade de uma atenção acrescida aos temas da saúde e do bem-estar, destacando-se os avanços médicos que vão sendo, progressivamente, obtidos com novos tratamentos baseados em biotecnologia, medicina personalizada e uso de IA em diagnósticos, com a atenção à saúde mentam e a maior aceitação da sua prevalência e o desenvolvimento de ferramentas para lidar com desafios emocionais e, também, com os consideráveis investimentos a realizar em sistemas de saúde pública e prevenção global de doenças.
Não será de estranhar também a agitação ao nível da sociedade e da cultura, com a procura de uma maior inclusão, apoiada por movimentos sociais pela equidade de género, pela integração racial e pela inclusão de pessoas com deficiência. A vida social e cultural será ainda mais impactada por ambientes virtuais, como o metaverso, mas também com a multiplicação das discussões em torno da ética digital e do equilíbrio entre físico e virtual. Muito provavelmente assistiremos, também, a uma evolução sensível dos métodos de ensino híbrido e da forma como o acesso a novas tecnologias transformará as estratégias de aprendizagem.
2025 será, certamente, um ano de grandes expectativas e possibilidades, mas também de desafios que exigirão inovação, colaboração e compromisso coletivo.
Resta-me fechar com as melhores despedidas para o ano que amanhã termina e com os votos de que a entrada em 2025 se faça com renovada energia, sem hesitações e com os dois pés… porque apenas com o pé direito, não será, seguramente, suficiente.