Nas últimas semanas, na Centromarca, temos tido o privilégio de reunir com inúmeros responsáveis de empresas nossas associadas, de diferentes áreas e com diferentes modelos de negócio, para conhecermos melhor as suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças.
E que Marcas! Sente-se um grande esforço destes líderes em criarem oportunidades e projetarem futuros melhores para as suas pessoas, empresas e economia nacional, mesmo num contexto onde a saúde do tecido económico – aumento de custos em toda a linha, rentabilidades diminuídas, margens encurtadas – faria esmorecer o mais forte dos fortes.
Sempre admirei a Gestão no geral. Um gestor, de empresas, de equipas, de instituições, de entidades públicas, grandes ou pequenas, faz sempre um caminho conjunto com muitas pessoas, mas também muito isolado. E em tempo de vacas magras ou crises, mais sozinho e difícil é o caminho. Porque por muito que se fale com outras pessoas, no final do dia a decisão é só do gestor, com toda a responsabilidade que isso acarreta. Não é fácil e não é para todos.
No tempo de vacas gordas, nem o céu é o limite. Aumenta-se salários e condições dos trabalhadores, contrata-se pessoas, criam-se programas de felicidade e bem-estar, investe-se em inovação, digitalização, ESG, responsabilidade social, patrocínios, comunicação… Nestas alturas, a fórmula é mais fácil.
O problema está quando enfrentamos a sinuosidade dos ciclos económicos, dos altos e baixos. E aí – nos baixos - a tartaruga já cresceu e precisa de um aquário maior, o mais pequeno já não serve. E é nestes tempos que nascem os verdadeiros líderes e que se afirmam as verdadeiras Marcas!
Na Centromarca, a larga maioria das nossas Marcas varia entre terem décadas ou serem centenárias. E isto é muito importante e talvez um dos maiores fatores de distinção. A longevidade e o caminho percorrido. Podemos contar histórias interessantes de Marcas com poucos anos de existência, mas na realidade são as Marcas que viveram diferentes gerações, ciclos económicos de abundância e escassez, revoluções e convulsões, que nos fascinam. Muitas delas estão cá há tanto tempo que já eram contemporâneas dos bisavós e já se reinventaram e reergueram várias vezes. E ainda cá estão, a fazer a diferença no mundo.
São estas Marcas que perceberam que há momentos para se fazerem sprints, com velocidade, força e foco a curto prazo, mas o seu ADN é de maratonista – onde impera a resistência, o foco a longo prazo e a gestão de energia. Muitos gestores falham nestas análises: o melhor timing para dar tudo em curto espaço de tempo e o melhor timing para gerir o esforço e a energia.
Um gestor de uma Marca Centenária ou com décadas tem a enorme responsabilidade de carregar aos seus ombros este peso de inúmeros gestores antes de si que souberam como fazê-lo e que na hora de tomar decisões não vale tudo e há concessões que nunca se fazem.
Nestas conversas, percebemos bem isso. A preocupação com as pessoas, objetivos de ESG, inovação, comunicação ou construção de marca não vão diminuir ou desaparecer. Antes pelo contrário! E é disto que são feitas as grandes Marcas: um bom mix de sprinter e maratonista.