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Opinião
Não basta ser novo. É preciso ser inovador…
A Netsonda realizou um estudo para o Produto do Ano em que concluiu que quase nove em cada dez consumidores portugueses gosta de experimentar novos produtos, 81% está disposto a pagar mais por um produto novo que os satisfaça
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É reconhecida a razoável apetência do consumidor português por novos produtos e, especialmente, por produtos com uma componente relevante de inovação.

Mesmo nos comparativos internacionais essa percepção fica bastante clara, ficando o nosso país, em geral, nas posições cimeiras dos rankings em termos de receptividade dos retalhistas à colocação de novos produtos nos seus lineares, a que não é estranho o facto de as principais cadeias no nosso mercado serem insígnias de sortido mais alargado.

Contudo, há factores que – ainda assim – vão limitando essa presença de produtos inovadores nos lineares de alguns retalhistas. Talvez os mais fáceis de identificar se prendam com a presença cada vez mais ampla de produtos de marca própria nas prateleiras e com a proliferação de lojas de menor dimensão, nas quais, como facilmente se percebe, o sortido é menos amplo e os lineares reservados para produtos com uma rotação garantida e não tanto para aqueles que precisam de conquistar a atenção, primeiro, e a carteira do consumidor, depois.

Agora, a Netsonda realizou um estudo para o Produto do Ano em que concluiu que quase nove em cada dez consumidores portugueses gosta de experimentar novos produtos, 81% está disposto a pagar mais por um produto novo que os satisfaça e mais de três quartos desses afirmam, inclusive, que estariam dispostos a pagar mais por um produto que é mais inovador do que aquele que geralmente compra.

Na verdade, mais do que produtos novos, os consumidores desejam encontrar produtos inovadores, produtos que lhes proporcionem vantagens a nível de proposta de valor ou de funcionalidade, mas também a nível de conveniência, de desenvolvimento tecnológico, de sustentabilidade, de contributo para a saúde ou bem-estar ou de naturalidade. Podem somar-se ainda outros factores como a embalagem, a imagem ou o design que ajudam à diferenciação.

De forma inversa, os aspectos que mais condicionam e limitam o acesso do consumidor a estes produtos com um grau relevante de inovação, passam pelo seu não reconhecimento (ou por uma comunicação menos impactante e atractiva), pela desconfiança associada a marcas menos reputadas e pela questão do preço.

Como facilmente se compreende, a disponibilidade do consumidor para pagar um valor adicional que premeie a inovação, implica o seu reconhecimento, assume a sua relevância, compreende a sua diferenciação, é tonificado pela sua reputação e implica a capacidade de inspirar e fazer aspirar. Quando essas características são menos notórias e não são cumulativas, a disponibilidade para pagar um valor adicional é muito mais reduzida, mais reduzida ainda em períodos em que o bolso do consumidor está apertado e é atacado de múltiplas formas.

Um outro estudo, desta vez da responsabilidade da Escolha do Consumidor, mostra também que o futuro do consumo é observado com os olhos de presente, seja porque se sente que está mais próximo da realidade, seja porque dará melhor resposta às suas expectativas.

Aparentemente, a futurologia parece mais próxima na área dos serviços do que, especificamente ao nível dos produtos. Ainda assim, no universo FMCG, é mais fácil perspectivar a evolução em áreas como as da higiene do lar ou do personal care, do que nas áreas mais tradicionais da alimentação e das bebidas, onde as pistas apostam, também aqui, na funcionalidade e na conveniência

A inovação mais disruptiva é, como sabemos, aquela que antecipa o futuro e introduz melhorias sensíveis na nossa qualidade de vida, aquela que gera um suplemento de alegria e felicidade, aquela que gera novas paixões, mas também novas necessidades, aquela em que, como diz a canção, conseguimos “fazer o que ainda não foi feito”.