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JÁ SE SENTE O CONTEXTO ECONÓMICO NA EXPANSÃO DAS REDES DAS DIFERENTES INSÍGNIAS?
Há alguns dias, a publicação espanhola Alimarket divulgava uma peça na qual referia que “Portugal adicionou mais de 250 novos supermercados no ano passado”, indicando que a distribuição alimentar portuguesa havia terminado 2021 com um novo impulso...
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Há alguns dias, a publicação espanhola Alimarket divulgava uma peça na qual referia que “Portugal adicionou mais de 250 novos supermercados no ano passado”, indicando que a distribuição alimentar portuguesa havia terminado 2021 com um novo impulso tanto a nível de área de vendas como a nível de número de lojas, de acordo com o mais recente relatório sobre o setor publicado pela própria Alimarket.

E acrescentava que, de acordo com os dados do final do ano transacto, o sector tinha acrescentado 257 novos pontos de venda à rede comercial do país, que registou, em simultâneo, um crescimento de 3,8% na área comercial.

Lembrando que o mercado português é altamente concentrado, com os quatro principais operadores representam 67,6% do mesmo [número que peca por curto, refiro eu,  e que na verdade supera os 75%] e metade do número de lojas, refere que a distribuição portuguesa ainda apresenta oportunidades de crescimento para as diferentes insígnias e que, prova disso mesmo, são os planos de expansão activa de uma boa parte dos distribuidores, que procuram reforçar-se nas áreas onde já estão presentes, para além de acederem a novas zonas geográficas em que ainda não operam.

Para além disso, este desenvolvimento das redes comerciais está a implicar investimentos em novos projetos logísticos, de forma a optimizar e tornar mais eficiente a performance operacional das lojas. Neste sentido, Sonae MC, Lidl, Aldi e Mercadona têm em curso ou concluíram recentemente os trabalhos de construção de novas plataformas logísticas em diferentes zonas do país.

De acordo com a informação da Alimarket, a distribuição portuguesa continua a ser liderada pela Sonae MC, que manteve no final do ano a sua distância face ao grupo Jerónimo Martins. Apesar de ambos terem adicionado mais de 20.000 m2 ao seu tecido comercial, destaca-se o crescimento da cadeia alemã Aldi, que liderou as aberturas por superfície e subiu uma posição no ranking geral, para ficar em sétimo lugar.

A insígnia alemã está a levar a cabo um plano de expansão que envolveu a abertura de 22 supermercados ao longo do ano, que concentrou um quinto da área de vendas criada em todo o país, e que continuará, uma vez que pretende ter 200 pontos de venda no horizonte de 2025. Os seus compatriotas da Lidl, no mesmo período, abriram oito lojas e renovaram outras 19, apresentando como novidades a abertura da sua primeira loja numa área de serviços e o anúncio da sua incursão na Madeira, com aberturas já em 2023.

Relevante também o desenvolvimento da Mercadona, que fez a sua entrada no Top 10 da distribuição portuguesa, após a abertura de nove supermercados e a adição de 17.100 m² de área de vendas. O objetivo da insígnia espanhola é expandir-se para o centro e sul do país, para o qual inaugurou, em 2021 e como passo preliminar, um centro de co-inovação em Lisboa.

Ainda de acordo com a Alimarket, o maior número de aberturas ocorreu no universo Jerónimo Martins – noventa e cinco – maioritariamente sob a insígnia Amanhecer, cabendo a liderança das aberturas, em área, à Aldi. No caso do grupo liderado por Pedro Soares dos Santos, referência ainda à abertura dos primeiros supermercados Pingo Doce nos Açores, através da transformação das lojas SolMar, do grupo local Finançor, na qual assumiu uma participação de 20% em Janeiro de 2021.

A cadeia Aqui É Fresco, por seu lado, adicionou 37 supermercados à sua rede, enquanto a Auchan optou pela proximidade, com o lançamento de mais cinco lojas 'My Auchan'. O grupo DIA está a reorganizar a sua rede comercial em Portugal, tendo optado pelo encerramento da actividade da sua rede de drogaria e perfumaria Clarel e a conversão de uma pequena parcela dessas lojas em supermercados Minipreço. A  Covirán incorporou, de acordo com os dados da Alimarket,  cerca de vinte supermercados, com mais de 4.000 m², e os galego da Froiz abriram um novo supermercado na cidade do Porto, com 600 m².

Contrastando números com os dados de aberturas da Nielsen

A Nielsen IQ divulga periodicamente os números de lojas em funcionamento de cada insígnia e os dados referentes ao final de 2021, por comparação com os referentes ao fecho de 2020, são menos ‘eufóricos’ do que os apresentados pela Alimarket.

Sem aberturas novas na área dos hipermercados, destacam-se 57 novos supermercados e uma redução de 56 espaços a nível de lojas de proximidade. No grupo designado como lojas independentes, a redução atinge também os 56 estabelecimentos.

Olhando para as diferentes insígnias, relevância para a extinção da rede Clarel e o fecho de 71 lojas. No universo Sonae, entre Continente Bom Dia (8), Continente Modelo (1) e lojas Meu Super (15), verificou-se a abertura de 24 novos espaços. Paralelamente, no universo Jerónimo Martins, as aberturas ficaram-se pelas 11, divididas entre Pingo Doce, PD&Go e Amanhecer. Somam-se 4 novos Intermarché e um saldo de mais cinco entre aberturas e encerramentos na rede Minipreço.

Merecido destaque, ainda, para o relevante número de aberturas – em 2021 – de Aldi (18), Mercadona (9) e Lidl (7), reforçando o peso das insígnias de sortido curto no retalho alimentar nacional.

Em complemento e olhando para os dados dos primeiros cinco meses de 2022 e, ainda, sem dados das insígnias alemãs e não obstante o contexto económico e a crise inflacionista que assola o sector, continua a verificar-se um contínuo de abertura, seja a nível de supermercados (mais 6), seja das insígnias de proximidade (mais 27), verificando-se um saldo negativo de nove estabelecimentos no grupo das chamadas lojas independentes.

A nível de grupos, a Sonae fecha com saldo negativo (mais 1 Bom Dia e menos 4 Meu Super) e a JM com saldo bem positivo, alavancado pelas lojas Amanhecer (mais 44 lojas), para além de 2 Pingo Doce. Do lado das insígnias, mais 1 Intermarché e 2 lojas da Mercadona, para além de 2 novos MyAuchan. Nos principais retalhistas, apenas saldo negativo entre aberturas e encerramentos no caso do Minipreço (menos 2 lojas).

Recorrendo à comunicação social, os planos de aberturas neste segundo semestre parecem ainda mais ambiciosos que os da primeira metade do ano e – pelo menos a este nível – as dificuldades que o país está a atravessar, e que se perspectivam poder agravar-se nestes próximos meses, não parecem estar a impactar os planos de expansão das principais insígnias do retalho em Portugal.