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FALAR DOS DEVERES NO PAÍS DOS DIREITOS
É usual utilizar algumas frases feitas ou provérbios e adoptá-los como lema ou como mote nas nossas vidas.
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FALAR DOS DEVERES NO PAÍS DOS DIREITOS

É usual utilizar algumas frases feitas ou provérbios e adoptá-los como lema ou como mote nas nossas vidas. Aquelas frases que podemos mandar emoldurar e que ficam bem num qualquer gabinete ou espaço de trabalho e que tentam inspirar a nossa vida e o nosso percurso profissional.

Confesso que não tenho um lema de vida, mas há frases e princípios que nunca esqueço e que mais do que concordar ou de me inspirar, tento utilizá-las no dia-a-dia e nas mais diferentes circunstâncias.

Uma delas é a que dita que “não faças aos outros, o que não gostarias que os outros te fizessem a ti”. Diria que é uma questão básica de bom senso, mas – acredito – é muito mais do que isso. E onde encontramos o verbo Fazer, poderíamos encontrar os verbos Pedir, Exigir, Esperar e, provavelmente, vários outros, sempre com um racional similar.

Na base, está o mais substantivo dos nossos deveres: respeitar o outro, tratar adequadamente o outro, não invadir o espaço do outro. E isto aplica-se a nível pessoal e familiar, aplica-se na nossa esfera profissional e aplica-se também, ou pelo menos dever-se-ia aplicar, nos negócios, na interacção entre entidades, na relação comercial entre empresas.

Num país em que somos todos pressurosos a reclamar os nossos direitos, é importante ter absoluta consciência e levar à prática os nossos deveres e digo-o convicto de que recebemos o que damos, de que colhemos aquilo que semeamos, de que nos deitamos na cama que fazemos.

No caso da Centromarca, entidade a que tenho o privilégio de estar ligado há quase nove anos, esses deveres, essas obrigações-base, transparecem desde logo na nossa missão: "criar para as marcas um ambiente de concorrência leal e intensa, que encoraje a inovação e garanta um máximo valor aos consumidores”. É, pois, nossa obrigação pugnar por uma concorrência efectiva e leal, incentivar a inovação que gere valor e colocar o consumidor no centro e como destinatário da nossa atenção maior.

A Centromarca tem o dever de promover e defender a Marca, entendendo-a como um meio de diferenciação e uma garantia de qualidade e inovação para o Consumidor, como um factor de competitividade, progresso e de criação de riqueza para a Economia e, acima de tudo, como um progresso irrenunciável para a Sociedade.

E estas obrigações não se restringem às empresas suas associadas e às marcas por elas detidas. Estas obrigações e os resultados da actuação diária da Centromarca abrangem todo o universo de marcas presentes no mercado português.

Deste conjunto de deveres, deriva a obrigação de lutar por um quadro legal mais justo e equitativo e que promova um maior equilíbrio negocial e um maior equilíbrio no relacionamento comercial, a montante junto dos nossos fornecedores, a jusante junto dos nossos clientes, sempre conscientes que o consumidor é o destinatário último do nosso trabalho.

Deriva a obrigação de antecipar e de alertar as entidades competentes, sempre que a concorrência no mercado possa ser colocada em causa, sempre que a capacidade de inovar possa ser limitada ou coartada, sempre que o valor passado ao consumidor possa ser minimizado.

Deriva a obrigação de organizar e preparar a melhor informação disponível no mercado, entendida como ferramenta fundamental de conhecimento e gestão, permitindo uma resposta tão adequada quanto possível às necessidades do consumidor, mas também como o racional base para uma actuação mais sustentável, minimizando o consumo de recursos, diminuindo o desperdício, maximizando o valor gerado e o impacto positivo nas comunidades circundantes e na sociedade como um todo.

Deriva a obrigação de realizar uma comunicação proactiva e assertiva, verdadeira e transparente, que consiga transmitir aos parceiros, às autoridades, mas também à opinião pública e ao cidadão comum, o trabalho, o esforço e o compromisso das marcas com a sociedade.

Cabe-nos, por vezes, o papel do ‘irritante’, do ‘inconveniente’, do ‘irreverente’ ou do ‘antipático’, mas sabemos que esse é um preço a pagar pelo exercício consciente dos nossos deveres, pelo cumprimento eficaz das nossas obrigações.

Num país onde todos facilmente compreendem que se reclamem os direitos do cidadão, os direitos do trabalhador, os direitos do cliente ou os direitos do consumidor, têm as empresas, têm as marcas, tem a Centromarca a obrigação de cumprir escrupulosamente com os seus deveres, para poderem reclamar elas próprias, de forma convicta e eficaz, os direitos das marcas e das empresas que as detêm.