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DEZ ANOS DE CUMPLICIDADE
O tempo voa… Faz no dia de S. Valentim dez anos que iniciei funções na Centromarca.
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O tempo voa…

Faz no dia de S. Valentim dez anos que iniciei funções na Centromarca.

Quando nos idos de 1988 me licenciei estava longe, muito longe, de imaginar que iria fazer a quase totalidade do meu percurso profissional no meio associativo e em áreas, apesar de tudo, relativamente distantes das que uma formação na área de Economia indiciariam.

Depois de quase dezoito anos na direcção executiva da associação que representa a indústria de lacticínios, o convite que o então presidente desta casa, João Paulo Girbal, me fez correspondeu àquilo que na gíria significa juntar a fome à vontade de comer… o desejo de dar um destino algo diferente à minha vida profissional, com a chegada a uma casa que conhecia razoavelmente bem e que, de há muito, correspondia quase a um ideal associativo que preconizava.

Quando se trabalha muito anos numa instituição vertical, muito próxima da produção primária e com vários dossiers regulamentares e idiossincrasias internas muito fortes, tendemos a pensar quase exclusivamente nas questões a montante (obviamente, muito relevantes) e a descurar o mundo a jusante, para lá dos portões das unidades industriais e que se prendem com as marcas e o mercado, os clientes, o consumo e os consumidores.

E já nesses tempos no universo lácteo me bati fortemente por ser mais activo e consequente no diagnóstico, na denúncia e na correcção dos impactos negativos que a imperfeição das relações a jusante tinham em toda a cadeia de valor a montante.

Por isso, o convite do João Paulo, além de me deixar pessoalmente muito satisfeito, correspondia a algo em que, estava convicto, podia aportar valor e, por pequena que fosse, fazer alguma diferença.

Apesar disso, a imersão foi exigente. Temas diferentes, linguagens e léxicos diferentes, interlocutores diferentes, conflitos diferentes, mais ainda quando a minha chegada correspondeu a um período constrangimentos de soberania económica, de mutação política, de acelerada evolução legislativa e de desafio a poderes bem instalados e com um forte sentimento de intocabilidade e impunidade,  não deixaram grande tempo para períodos de adaptação e aprendizagem.

Mas uma equipa interna curta e eficiente e, igualmente fundamental, a possibilidade de contar com o apoio de entidades, nas áreas do apoio jurídico, da informação de mercado ou da comunicação, ajudaram, e muito, a fazer toda a diferença. Quem andou quase duas décadas a fazer, permanentemente, omeletes sem ovos, sabe dar o valor quando para as suas ‘receitas’ pode contar com ovos da melhor qualidade. Esse apoio super-qualificado é absolutamente incontornável para todos os (bons) resultados que a Centromarca vem sucessivamente obtendo em inúmeros tabuleiros.

As casas são muito importantes, mas as pessoas fazem realmente a diferença. E, como constantemente repito, pessoas boas fazem sempre casas melhores. E a qualidade das pessoas não se mede apenas pela sua performance profissional. Nesta área de trabalho, como se calhar em quase todas, a forma como a empatia e a compreensão mútua se estabelecem é uma parte incontornável do modo como funcionamos.

Ter do outro lado das diferentes barreiras, entidades fortes e pessoas que representam aguerridamente os seus interesses, obriga-nos a ser ainda mais exigentes e mais eficientes. As melhores equipas são sempre  aquelas que participam nos mais fortes campeonatos e tenho consciência que a Centormarca ‘joga’ numa das ligas mais competitivas, das ligas em que as equipas possuem os melhores jogadores.

Nestes dez anos, entre diplomacia regulatória, apoio específico às questões mais relevantes (e que interferem directamente com a rentabilidade) dos associados, conhecimento de mercado, colaboração na construção de insights e tendências, interacção com parceiros relevantes, intervenção nos media ou concretização de eventos marcantes, a monotonia e o tédio não têm tempo nem espaço.

Sinto-me, como me sentia antes, embora de forma diferente, no mundo do leite, como um afortunado. Alguém que é pago para fazer algo de que realmente gosta e que sente prazer e motivação para, sem equívocos nem reservas, vestir orgulhosamente a camisola. Alguém que sabe que pela frontalidade (e por vezes o incómodo) que tem que assumir, ainda que com a diplomacia possível, muito dificilmente poderia trabalhar noutras áreas.

Alguém que mesmo com os assumidos custos de fazer 300 km para ir trabalhar e de viver com um pé de cada lado em dois locais um pouco distantes, o faz com sentido de dever, mas também com elevado prazer. Alguém que, num meio em que o constante saltitar entre empresas e funções é algo aparentemente apreciado, julga que dez anos na mesma casa não o convertem (ainda) nem em jurássico nem em obsoleto. Alguém que, com (muitos) mais cabelos brancos, mas também mais experiência, está convencido que mantém a energia suficiente para enfrentar os (muitos) desafios que os novos tempos vão colocar em cima da mesa.

Seria fastidioso agradecer a todos os que muito me ajudaram e, obviamente, muito ajudaram a Centromarca a melhorar amplamente estes dez anos, até porque corria o risco de esquecer muitos outros igualmente relevantes.

Mas ficar-me-ia mal não fazer uma meia dúzia de referências e esperar que os restantes que não referir não se zanguem comigo.

Em primeiro lugar ao João Paulo pelo convite, pela coragem de o fazer e assumir, quando certamente teria outras opções mais fáceis de consensualizar, pela forma como me deu sempre autonomia e pelo cuidado que teve em me facilitar a vida na minha vinda para a capital. E ao Nuno Fernandes Thomaz que tem feito um excelente trabalho, pela energia constante, pela permanente atitude desafiadora, pela amizade e por muito facilmente ter percebido como devíamos funcionar a dois.

À Dália, à Nélia, à Christine, à Alexandra (que está há meia dúzia de meses connosco, mas que está já a fazer um belíssimo trabalho) e, perdoem-me as restantes, à Vera Mendes, verdadeiramente o meu braço direito (e tantas vezes também o esquerdo).

Aos membros dos órgãos sociais desta casa, de quem sempre contei com o apoio, a colaboração e a compreensão. Foram já muitos os que por aqui passaram. Deixo no Nuno Pinto Magalhães e no Rui Silva, os únicos que estiveram presentes desde o primeiro dia, o meu agradecimento colectivo.

Às equipas da Nielsen e da Kantar e de várias outras empresas de estudos de mercado. Nesta área, informação é um combustível essencial para perceber o mercado, antecipar tendências, alimentar o nossa intervenção nas áreas de comunicação, sustentar posições na área de advocacy. E não queria deixar sem referência o meu imenso obrigado a pessoas como o Carlos Cotos ou a Marta Santos, pela forma como interagem connosco.

Aos nossos consultores de comunicação, autênticos companheiros de trincheira, com uma fantástica equipa da Hill+Knowlton. A Teresa Figueira e o Nuno Leite, que trouxeram a H+K para o universo da Centromarca e ao Francisco Teixeira, Francisca Seabra, Francisco Serra, André Saramago e outros que foram acompanhando o nosso dia-a-dia. E claro ao Vasco Sampaio, que vai começar exactamente agora a ser o responsável maior pela nossa conta.

E, the last but not the least, à equipa jurídica da SRS, com o Gonçalo Anastácio e o Duarte Pirra, que hoje mais do que nossos advogados, são quase como o sexto jogador da NBA, alguém que nos conhece quase tão bem como nós próprios. E que têm sido absolutamente fundamentais para o nosso trabalho.

Seguramente, sem o apoio de Nielsen, Kantar, H+K e SRS, a Centromarca não seria o que hoje é, nem teria alcançado os resultados que, felizmente, conseguiu alcançar nestes últimos anos.

Não sei nem quero fazer grandes planos sobre quanto tempo mais durará esta viagem, mas como disse o tempo voa e passaram já dez anos… dez anos de cumplicidade e de compromisso, dez anos em que, julgo, conseguimos fazer a diferença, dez anos em que com profundo respeito por tudo que a Centromarca já tinha feito, nos fomos adaptando às exigências de cada momento, às alterações de contexto, de mercado e de poder político.

Sempre com a convicção de que estamos do lado da Bright Side of the Force.