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A força das Marcas na economia local
A força das Marcas na economia local
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O que é que peras, maçãs, laranjas e cereais têm em comum? Provavelmente muito mais do que pensa. E muito daquilo que as une é o impacto positivo que têm nas respetivas economias locais.

A região do Oeste, onde moro há pouco mais de um ano, é por excelência a casa da Pera Rocha. O segredo do sabor deste fruto, dizem os especialistas, está nas condições únicas das terras. O Oeste é, de resto, a única região certificada do país para a produção desta fruta e a verdade é que dos pomares onde crescem para o sucesso da Pera Rocha nas nossas casas vai uma pequena distância: em 2022 gerou uma faturação de €200 milhões, sendo que deste montante mais de metade, €120 milhões, foram em exportações. Sim, os nossos vizinhos em Espanha os consumidores na Alemanha conhecem bem as qualidades deste fruto.

Ainda no Oeste, o selo da Maçã de Alcobaça caracteriza-se pela qualidade e sabor ímpar no mundo, graças, também, às condições específicas do solo e ao microclima, num equilíbrio que não pode esquecer o conhecimento dos produtores. Na “estreita faixa”, como descreve a Câmara Municipal de Alcobaça, entre a Serra dos Candeeiros e o Oceano Atlântico nasce o fruto que já em 1303 era referido em documentos hoje considerados históricos. Em números, esta fruta suculenta representa um volume de negócios anual que ronda os €40 milhões. A maior parte da produção é para consumo interno, com as exportações a rondarem um mínimo de, pelo menos, 10%. Em anos bons pode ir aos 20%-25%.

A sul de Portugal, no Algarve, encontramos a esmagadora maioria das 80 a 100 toneladas de laranja colhidas diariamente, ou não fosse este o fruto mais consumido no mundo. Ainda assim, a laranja é o segundo fruto mais produzido no país, logo atrás da maçã. Apesar dos números elevados, a produção é insuficiente para satisfazer a procura interna. Quanto ao sabor e ao sumo únicos, vêm do (bendito) solo, da longa exposição solar e da quase ausência de geadas.

No Alentejo encontramos os cereais. A marca “Cereais do Alentejo”, 100% nacional e criada em 2019, é um bom exemplo do que os produtores da região têm feito para promover um projeto que começou com o trigo mole, para a panificação, e que rapidamente se diversificou, passando a incluir também trigo duro ou a cevada dística para as cervejeiras. Aquando do lançamento da marca antecipava-se um volume de negócios de €2,5 milhões em dois anos, sendo a missão assumir um papel agregador na fileira dos cereais e contribuir para o desenvolvimento económico e social do país.

Em comum, além da qualidade e do facto de serem únicos, estes produtos de diferentes regiões do país têm o papel impulsionador das economias a nível local, da criação de empregos e, não menos importante, da singularidade dos produtos de Marca Portugal.

Há umas semanas a Centromarca foi convidada para participar nas conversas “Da Cevada ao Bar”, uma iniciativa da Central de Cervejas com o apoio do ECO, onde estivemos precisamente a debater estes temas e a ligação entre as Boas Marcas e o produto e as matérias-primas.

As Boas Marcas são dinamizadoras do sector agrícola, trabalham em continuidade com a sua cadeia de aprovisionamento o que dá também garantias ao mundo agrícola que tem dois fatores de que não pode escapar: os imponderáveis climatéricos e o tempo cronológico (na agricultura a flexibilidade produtiva é muito complexa e os ciclos económicos muito longos).

São inúmeras as Boas Marcas que promovem a economia local: Sagres, Vitacress, Compal, Terra Nostra, Oliveira da Serra, Super Bock, Delta, são apenas alguns exemplos que apoiam e impulsionam os produtos e as regiões referidas.